Foi-se o tempo em que animais de estimação eram apenas cães e gatos. Atualmente, os répteis como iguanas, lagartos, tartarugas e cobras estão conquistando um espaço importante no mercado pet.
Quando falamos em répteis, entretanto, devemos considerar que há muitas peculiaridades nesta classe de animais e que devem ser conhecidas antes de se pensar em adquirir um exemplar, pois os cuidados também terão outras exigências.
A primeira pergunta que se deve fazer é “Por que quero um réptil de estimação?”. Os répteis são animais não domesticados que toleram viver em espaços criados para eles com condições semelhantes ao seu habitat natural. De modo geral, os répteis preferem passar despercebidos ao dono a serem manuseados, porém, alguns chegam até mesmo a reconhecer um ou outro humano e a interagir com ele. Existem várias famílias e muitas espécies de répteis, mas cada animal tem a sua personalidade. Nunca compre um réptil pensando que ficará manuseando-o ou acariciando-o como fazemos com cães e gatos. Embora algumas espécies tolerem melhor o contato com os humanos, como por exemplo, o Dragão Barbudo (Pogona vitticeps), existem sempre exceções.
Ao decidir ter um réptil como pet, informe-se primeiro acerca do caráter da espécie e depois sobre o caráter do indivíduo junto do criador, que poderá indicar a melhor espécie e o melhor indivíduo, principalmente para tutores inexperientes. Existem razões válidas para tentar interagir com o seu animal: além da confiança mútua, os tutores devem examinar seus animais regularmente, para descartar problemas de saúde, e isto pode implicar ter que manuseá-los; podem ter que levá-lo ao veterinário, necessitando mudá-lo de compartimento, e é sempre melhor ter a confiança do seu animal, sobretudo para que este se sinta seguro e não entre em stress. Os répteis são animais ectotérmicos, normalmente chamados de “animais de sangue frio”. Isso porque, ao contrário dos humanos ou dos mamíferos, não regulam sua temperatura corporal que fica condicionada ao meio ambiente em que estão inseridos, ou seja, se estiverem em um lugar frio ficam com a temperatura fria e se estiverem em um lugar quente, ficam com a temperatura elevada.
A temperatura corporal e, portanto, do meio ambiente, vai influenciar diretamente no comportamento do animal, em sua atividade e em sua alimentação e metabolismo. Por isso a maioria dos répteis se distribui principalmente nas regiões tropicais, onde o clima é mais quente e úmido. Isso quer dizer que, como pets, eles necessitam de recintos preparados, espaços de dimensões adequadas, com equipamentos específicos para controlar a temperatura, umidade e iluminação, e isso implica em investimentos, que muitas vezes são consideráveis. Esses recintos, como terrários ou aquaterrários, também necessitam de manutenção e demandam tempo para que estejam sempre em ordem para garantir a saúde dos animais. Também se deve considerar o tamanho que os animais chegam a atingir e se possui o espaço adequado para as adequações conforme crescem. Quanto à alimentação, embora existam alimentos industrializados para tartarugas, cágados e iguanas, não se dispõe de rações que atinjam todas as necessidades nutricionais, sendo necessário complementar com alimentos frescos, vitaminas e minerais de acordo com cada espécie. As serpentes alimentam-se de ratos, neonatos ou camundongos, e por isso deve-se planejar como obterá o alimento; mesmo quando se opta por criar em casa os roedores, deve-se se perguntar se será capaz de sacrificá-los.
Outra questão, não menos importante, é verificar junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou ao órgão ambiental do seu Estado se a espécie de interesse pode ser comercializada. Por lei, são permitidos: serpentes, como jiboias (Boa constrictor), salamantas (Epicrates cenchria), suaçuboias (Corallus hortulanus) e piriquitamboias (Corallus caninus); os lagartos, como teius (Salvator merianae) e iguanas verdes (Iguana iguana); e quelônios, como jabutis (Chelonoides carbonaria) e tigres d’água (Trachemys dorbigni). A Corn Snake (Pantherophis guttatus), por exemplo, embora frequentemente comercializada, é um animal exótico, que não está legalizado no Brasil.
É muito importante verificar se o lugar que comercializa o animal possui autorização para funcionar. Exigir a nota fiscal também é fundamental para garantir a procedência legal do seu pet. Em caso de dúvida, é possível consultar a Linha Verde do Ibama, que funciona segunda à sexta, das 8h às 18h pelo número 0800-618080. Nunca colete animais de nossa fauna ou compre um animal proveniente de tráfico ou de procedência duvidosa, pois além de estar cometendo um crime ambiental passível de pena, também estará contribuindo para maus tratos e extinção dos animais. Por isso, considerando essas questões, fique de olho antes de decidir adquirir um réptil como pet!
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