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Porque o jejum é tão importante para a realização de exames?
Normalmente estamos acostumados a receber como instrução de preparo realizar jejum variando de 8 a 12 horas, antes de colher sangue para a realização de exames. Você sabe por quê? Esta questão polêmica tem sido muito debatida ultimamente, em especial nos congressos relacionados diretamente ao diagnóstico laboratorial. Estudos realizados nas mais diversas partes do mundo apontam, sistematicamente, que a maior incidência de erros laboratoriais se encontra na fase pré-analítica, isto é, desde a solicitação do médico veterinário até a entrada da amostra para o seu processamento técnico no laboratório. Vários grupos de pesquisadores estudam este assunto buscando as fontes destes erros e propondo cuidados especiais para minimizá-los ao máximo, com o objetivo de reduzir o impacto nos resultados. Apesar dos notáveis avanços na tecnologia e automação dos laboratórios, os resultados dos testes ainda sofrem a influência da alimentação, isto porque a alimentação pode interferir sobre os exames laboratoriais de duas formas principais: A primeira refere-se ao nível de substâncias presentes no sangue que variam de acordo com a ingestão de alimentos. Estão nesta categoria, por exemplo, a glicose, a insulina e os triglicerídeos.
A segunda interferência pode ocorrer em função do método para dosar essas substâncias, que normalmente é colorimétrico, ou seja, as reações geram cores que são dosadas pelo aparelho. Com a ingestão de gorduras, ou caso o animal metabolize a gordura ingerida mais lentamente, o seu sangue pode se mostrar lipêmico no momento da coleta sem jejum (e, raramente, mesmo após o jejum). A lipemia torna a amostra mais turva, esbranquiçada e pode gerar leituras e resultados errôneos (para mais ou para menos).
Além disso, a lipemia pode favorecer a hemólise, que é a ruptura das hemácias ou glóbulos vermelhos, pois causa aumento da fragilidade da membrana dessas células. Neste caso, o plasma ou soro ficam com a coloração vermelha, que pode ser leve ou intensa devido à hemoglobina liberada, o pigmento vermelho das hemácias. Essa cor também poderá alterar as dosagens nos métodos colorimétricos e, em exames específicos, como hemograma, alterará a contagem real das células, já que elas romperam.
Além da lipemia, outros fatores que podem provocar hemólise são: traumas quando o animal fica muito inquieto na colheita, calor, demora entre a colheita e o processamento da amostra, não retirar a agulha ao passar o sangue para o tubo e homogeneização brusca do tubo.
O tempo determinado entre 8 e 12 horas é porque, para a maioria dos indivíduos, com 8 horas de jejum evita-se a lipemia e com 12 horas de jejum já ocorreu a metabolização de todo alimento ingerido na última refeição.
Durante o jejum a água é liberada, desde que não seja ingerida em grandes quantidades. A água não interfere nos métodos de dosagem, mas quando ingerida em grande quantidade pode interferir, principalmente em exames de urina, por causar diluição.
Assim, fique de olho no jejum de seu melhor companheiro, seguindo as orientações do médico veterinário ou do laboratório, para que o exame possa ser feito adequadamente, para não ter que repetir os procedimentos de colheita que estressam seu animal, e para que os resultados sejam confiáveis.