O Grupo de Diretrizes de Vacinação (VGG) da Associação Veterinária Mundial de Pequenos Animais (WSAVA) denomina vacinas essenciais àquelas que todos os cães e gatos devem receber, independentemente das circunstâncias ou localização geográfica. As vacinas essenciais protegem os animais de doenças graves, potencialmente fatais, que têm distribuição global. As vacinas essenciais para os cães são aquelas que protegem contra o vírus da cinomose canina (CDV), o adenovírus canino (CAV) e os variantes do parvovírus canino tipo 2 (CPV-2). As vacinas essenciais para os gatos são aquelas que protegem contra o parvovírus felino (FPV), o calicivírus felino (FCV) e o herpesvírus felino 1 (FHV1). Nas áreas do mundo onde a infecção pelo vírus da raiva é endêmica, a vacinação contra este agente deve ser considerada essencial para ambas as espécies, mesmo se não houver exigência legal para a vacinação de rotina.
As vacinas de cães e gatos podem ser divididas em dois tipos: de natureza "infecciosa" ou "não infecciosa".
As vacinas infecciosas usadas em cães e gatos são aquelas que contém organismos atenuados para reduzir a virulência, isto é, "vírus vivo modificado" (VVM) ou bactérias atenuadas, mas os organismos estão intactos, são viáveis e induzem imunidade causando um baixo nível de infecção ao se replicar dentro do animal, sem produzir a doença. As vacinas infecciosas têm a vantagem de induzir mais efetivamente a imunidade quando administradas na forma parenteral, ou seja, injetadas. Algumas vacinas infecciosas são administradas diretamente nos locais de mucosa, como as vacinas intranasais ou orais, onde são ainda mais eficazes na indução de imunidade protetora. Quando administrada a um animal sem anticorpos maternos, uma vacina infecciosa irá geralmente induzir proteção com uma única dose.
As vacinas não infecciosas, também conhecidas como vacinas mortas ou inativadas, contêm um vírus ou organismo inativado, parte do agente (denominada antígeno) natural ou sintética, ou também o DNA que codifica tal antígeno. Se por um lado os agentes são incapazes de infectar, replicar-se ou induzir a doença infecciosa, por outro lado são menos eficientes para produzir imunidade duradoura no animal. Geralmente requerem um adjuvante para aumentar sua potência e usualmente requerem múltiplas doses (mesmo em um animal adulto) para induzir proteção.
Os filhotes recém-nascidos que mamaram o primeiro leite da mãe (colostro) recebem dela os anticorpos que permanecem na circulação por 8 a 12 semanas. Neste período, devido a esses anticorpos maternais, a vacinação terá baixa eficiência. Desse modo, o fato do filhote ter mamado ou não assim que nasceu bem como a idade em que se inicia o esquema vacinal poderão interferir no efeito protetor da vacina.
Outro fator importante a ser considerado é se o esquema vacinal proposto foi seguido corretamente, assim como os reforços anuais, de modo a manter o estímulo para a geração de anticorpos em nível capaz de promover a proteção.
Para os cães há testes laboratoriais sorológicos rápidos e simples que podem detectar a presença do anticorpo protetor específico para CDV, CAV e CPV-2. Para os gatos também existem testes rápidos para a determinação dos anticorpos séricos em resposta ao FPV, FCV e FHV-1. Um resultado de teste negativo indica que o animal tem pouco ou nenhum anticorpo e que a revacinação é recomendada. Já um resultado de teste positivo pode sugerir que a revacinação não é necessária.
O monitoramento do anticorpo sérico específico para a raiva tanto em cães quanto em gatos não é geralmente usado da mesma maneira para determinar as necessidades de revacinação, pois estas são determinadas por lei. O teste laboratorial para verificar o título de anticorpos protetores contra o vírus da raiva é exigido para viagem internacional do animal de estimação.
Os testes sorológicos para CDV, CAV e CPV-2 em cães e FPV, FCV e FHV-1 em gatos são usados para determinar a imunidade protetora no filhote, para informar os intervalos de revacinação de animais adultos e no manejo de surtos de doença infecciosa nos abrigos.
Os testes para anticorpos são atualmente o único modo prático de assegurar que o sistema imunológico do filhote respondeu à vacina. As vacinas podem não induzir imunidade protetora em um filhote por vários motivos:
• Os anticorpos maternais podem neutralizar o vírus da vacina. Este é o motivo mais comum de falha da vacinação. Os esquemas vacinais baseiam-se nas médias estatísticas, contudo, alguns animais podem ter respostas particulares como a permanência dos anticorpos maternais por mais tempo na circulação. Normalmente, para contornar essas particularidades, garante-se que a última dose da vacina seja dada com 16 semanas de idade ou mais, quando os anticorpos maternais terão diminuído o suficiente para que o filhote responda à vacinação.
• A vacina é pouco imunogênica. A baixa imunogenicidade pode ser consequente a uma série de fatores que vão desde a fabricação até a administração no animal. Problemas de produção das vacinas raramente acontecem com grandes e bem estabelecidos fabricantes que comercializam suas vacinas internacionalmente. Esses fabricantes têm requisitos rígidos das agências reguladoras governamentais para testar a potência dos lotes antes da liberação. Os fatores pós-fabricação, tal como o armazenamento ou transporte incorreto e o manuseio da vacina na clínica veterinária, podem resultar na inativação de um produto contendo vírus vivo modificado.
• O animal é pouco responsivo. Nesse caso, o seu sistema imunológico do indivíduo não reconhece os antígenos vacinais. Se um animal não desenvolver uma resposta com anticorpos depois de repetidas vacinações, ele deve ser considerado um não-responsivo genético. Como a responsividade imunológica é geneticamente controlada, suspeita-se que certas raças caninas sejam pouco responsivas.
Outros fatores que interferem na eficiência da vacinação relacionam-se a características individuais, como estado de saúde, controle parasitário, raça, ambiente em que vive, estilo de vida e hábitos de viagem do animal de estimação.
Todo animal que será vacinado deve ser avaliado previamente por um médico veterinário, ainda que seja antes da vacinação em campanhas gratuitas, para ter certeza que ele poderá receber a vacina sem risco de reações pós-vacinais graves e mesmo para garantir que o resultado protetor será eficiente. Qualquer animal está sujeito a uma reação pós-vacinal que pode ser leve, moderada ou severa. Para que a gente possa minimizar os riscos de uma reação, o animal vai ter que estar extremamente saudável, antes de ser vacinado. Na maioria dos casos em que há reações, os animais estão imunossuprimidos ou apresentam alguma doença já instalada que ainda não manifestou sinais e sintomas. Dentre reações leves é comum o animal ficar um pouco apático, com febre e perda de apetite, mas isso tende a passar em cerca de dois dias. Caso os sinais persistam deve-se levar o animal para uma consulta veterinária.
Em gatos existe a possibilidade de desenvolverem sarcoma pós-vacinal, por reação aos componentes da vacina e não pelo agente que ela possui. De qualquer modo, a prevenção é sempre a melhor solução e os efeitos benéficos das vacinas superam em muito os efeitos indesejados que podem causar. Fique de olho na vacinação de seu melhor amigo para prevenir contra doenças comuns que podem ter consequências desastrosas e qualquer dúvida, consulte o Veterinário para programar o protocolo de vacinação mais adequado para seu animal.
© LAB&VET | Todos os direitos reservados